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quarta-feira, 13 de julho de 2016

Pequeno manifesto contra a perpetuação do racismo institucional: rediscutindo Monteiro Lobato

Assine a petição:

https://secure.avaaz.org/po/petition/Ministerio_da_Educacao_Fim_da_violencia_racial_nas_escolas/?pv=4&fb_action_ids=1805611896328224&fb_action_types=avaaz-org%3Ajoin


Rediscutindo Monteiro Lobato: pelo fim da violência racial nas escolas

Há pelo menos seis anos paira a polêmica: devemos abrir mão da literatura escrita por Monteiro Lobato, devido às inúmeras acusações de ocorrência de racismo nas suas obras? Antes de responder a essa pergunta, nós a devolvemos com a seguinte analogia: devemos entregar facas nas mãos de crianças, deixar que se firam para, só depois, impormos os necessários limites?
A resposta a ambas as perguntas é, obviamente, retórica, pois o racismo tem o poder de ferir tão gravemente quanto qualquer arma “branca” e a analogia nos ensina que não, não se deve deixar que as pessoas corram risco de ferimentos graves à toa.
Para quem não sabe, Monteiro Lobato era o tipo marqueteiro, bolsonariano e hitlerista: eugenista de primeira, ávido por curtir um país de supremacia branca e mão de obra barata preta – desde que a miscigenação fosse evitada, o sangue “ariano” se mantivesse “limpo” e a negrada em seu devido “não-lugar” (as cadeias, os hospitais psiquiátricos, os subempregos...), é lógico.
E como bom eugenista que foi, o dito escritor fez questão de usar sua literatura (?!) para higienizar o país – ele sabia que as palavras tinham força e que a ideologia do branqueamento era muito mais efetiva quando atrelada à “arte”.
Seus defensores e defensoras, entretanto, insistem em dizer que ele foi simplesmente um “sujeito do seu tempo”... e que, portanto, estaria apenas reproduzindo em sua obra um racismo compartilhado por toda a sociedade brasileira. Só que não. Quando algumas de suas cartas foram enfim divulgadas, provou-se que o extermínio do povo negro, a limpeza étnica, era parte importante de seu projeto “literário”. Provou-se também que as expressões racistas empregadas nas Caçadas de Pedrinho, por exemplo, não eram simples reproduções de algo até então aceito, como querem nos
fazer crer, mas sim a execução de um plano de extermínio de toda uma população via imaginário popular.
Assim, em nome de um suposto valor literário (não entraremos nessa seara, embora saibamos que a literatura, enquanto arte, tende a nos aproximar do gênero humano e não o contrário, promover a cisão, como fazem as obras desse escritor) e muito lucro editorial, ano após anos são reeditadas e, pior, compradas com dinheiro público os livros de Lobato.
Para piorar ainda mais a situação, diversas escolas públicas têm eleito como patrono de suas Academias Estudantis de Letras – AEL's – o famigerado escritor.
Ora, embora a história do nosso país faça com que a maioria de nós, brasileiros e brasileiras, tenhamos verdadeira ojeriza à censura, há que se garantir que as leis – sobretudo aquelas que dizem respeito à preservação de direitos humanos, à Constituição Federal e ao Estatuto da Criança e do adolescente sejam efetivamente cumpridas.

Desse modo, acreditamos que permitir a eleição de Monteiro Lobato como patrono de nossas crianças (majoritariamente negras) seja reflexo não apenas da falta de tratamento sério dado à questão racial nas escolas (uma vez que nossas crianças são bastante sensíveis e inteligentes... não o elegeriam se soubessem o quão racista ele era), como também é expressão de um racismo institucional que viola todas essas leis acima referidas, além de outras mais, como a
10639/03, por exemplo.
Assim sendo, exigimos o fim da violência racial institucional nas escolas e a promoção de amplos debates envolvendo as comunidades escolares como um todo sobre as questões étnico-raciais. Desse modo, garante-se a manutenção da democracia ao passo em que se diminui as possibilidades de perpetuação do racismo.
Por fim, repetimos: nossas crianças são sensíveis e inteligentes. Quando devidamente informadas/formadas, não permitem o elogio a genocidas, a racistas e algozes. Não permitem Monteiro Lobato como patrono.

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